sexta-feira, 5 de junho de 2015

Professor leva o "trabalho" para casa

Quando utilizo esse título podem pensar na parte burocrática de organização das aulas, planejamento, correção de trabalhos, fechamento das notas, entre outros. Mas a minha intenção com esse título é levantar outra questão que eu vejo como muito importante para pensar em formação de cidadãos. Seria a história de vida dos estudantes, o que eles nos contam e que levamos no pensamento, para casa, para nossas vidas. Sim, eu faço isso, eu me vejo em vários momentos do dia pensando em como eu poderia ajudar estes estudantes, de que forma.
Semana passada, me vi conversando com quatro estudantes que leciono e outro que não, fora da escola, num momento de lazer meu e deles, num ginásio onde acontece um campeonato de futsal. Conversando e jogando sinuca, sim, me convidaram para jogar, não podia negar este convite, e nem as conversas e aprendizagens que poderia acontecer ali. Pois foi isso que ocorreu, estava eu ali, fazendo o meio de campo entre as discussões por causa do jogo e jogadas erradas e ensinando como era o jogo realmente. Neste momento, relembrei valores e atitudes de respeito, compreensão, ajuda, paciência. O momento era de alegria e descontração mas também de aprendizagens significativas, e para mim (re) conhecer meus alunos, suas percepções, suas formas de viver, e até algumas das suas angústias e ideias para o futuro.
Fiquei triste ao ouvir um dos meus alunos e o outro que me conhece de vista na escola, dizendo que no 9º ano iria parar de estudar e o outro dizendo que está na escola por obrigação. Não posso dizer que me choquei, porque isso é algo que acontece muito, mas ouvir aquilo dessa maneira, de um jeito que sei que pode ser transformado. Que é preciso um incentivo maior a esses jovens, que não vêem a escola como uma instituição formadora, que pode transformar as suas vidas.
Neste momento, cito Molina Neto e Neto: " Só é possível dialogar com o diferente, com a atenção vigilante gerada na capacidade de escutar os outros e a nós mesmos" e com a "capacidade de escuta é que podemos perceber e respeitar a diversidade cultural" (texto intitulado: Capacidade de escuta: questões para a formação docente em Educação Física).

Os mesmos autores ainda ressaltam: "escutar, na ação pedagógica, significa das vez e voz a quem normalmente não tem. Didaticamente, ao invés da proposição e da explicação, deve-se buscar a compreensão".

É com essa citação que encerro esta postagem, deixando a seguinte questão: escutamos nossos estudantes? Compreendemo-os?

Nenhum comentário: