Quando utilizo esse título podem pensar na parte burocrática de organização das aulas, planejamento, correção de trabalhos, fechamento das notas, entre outros. Mas a minha intenção com esse título é levantar outra questão que eu vejo como muito importante para pensar em formação de cidadãos. Seria a história de vida dos estudantes, o que eles nos contam e que levamos no pensamento, para casa, para nossas vidas. Sim, eu faço isso, eu me vejo em vários momentos do dia pensando em como eu poderia ajudar estes estudantes, de que forma.
Semana passada, me vi conversando com quatro estudantes que leciono e outro que não, fora da escola, num momento de lazer meu e deles, num ginásio onde acontece um campeonato de futsal. Conversando e jogando sinuca, sim, me convidaram para jogar, não podia negar este convite, e nem as conversas e aprendizagens que poderia acontecer ali. Pois foi isso que ocorreu, estava eu ali, fazendo o meio de campo entre as discussões por causa do jogo e jogadas erradas e ensinando como era o jogo realmente. Neste momento, relembrei valores e atitudes de respeito, compreensão, ajuda, paciência. O momento era de alegria e descontração mas também de aprendizagens significativas, e para mim (re) conhecer meus alunos, suas percepções, suas formas de viver, e até algumas das suas angústias e ideias para o futuro.
Fiquei triste ao ouvir um dos meus alunos e o outro que me conhece de vista na escola, dizendo que no 9º ano iria parar de estudar e o outro dizendo que está na escola por obrigação. Não posso dizer que me choquei, porque isso é algo que acontece muito, mas ouvir aquilo dessa maneira, de um jeito que sei que pode ser transformado. Que é preciso um incentivo maior a esses jovens, que não vêem a escola como uma instituição formadora, que pode transformar as suas vidas.
Neste momento, cito Molina Neto e Neto: " Só é possível dialogar com o diferente, com a atenção vigilante gerada na capacidade de escutar os outros e a nós mesmos" e com a "capacidade de escuta é que podemos perceber e respeitar a diversidade cultural" (texto intitulado: Capacidade de escuta: questões para a formação docente em Educação Física).
Os mesmos autores ainda ressaltam: "escutar, na ação pedagógica, significa das vez e voz a quem normalmente não tem. Didaticamente, ao invés da proposição e da explicação, deve-se buscar a compreensão".
É com essa citação que encerro esta postagem, deixando a seguinte questão: escutamos nossos estudantes? Compreendemo-os?
sexta-feira, 5 de junho de 2015
Avaliação deste trimestre
Inicio este relato me desculpando pela demora em vir compartilhar os acontecimentos da escola, havia dito que viria todo sábado fazer uma nova postagem com as experiências vividas durante a semana, porém não foi possível. Subestimei este trabalho. Posso retornar o assunto do plano de ensino, dos conteúdos selecionados para cada turma, mas acredito que este assunto já está batido neste momento.
Relembro-os que trabalhei o conteúdo de Jogos com os 4º e 5º anos, mas com objetivos diferentes. Para os 4º anos, o objetivo era que eles compreendessem o que eram jogos, o que eram jogos cooperativos, de integração, e como podíamos ajudar uns aos outros nas atividades e que não existe somente o Futsal e competição na escola. Já para os 5º anos, a intenção era um pouco mais ampla. O objetivo era a compreensão do que são jogos, o que é esporte, qual a diferença entre eles, assim levando a compreensão de que conteúdos são/podem ser trabalhados na Educação Física.
Trabalhamos também a questão dos jogos cooperativos, jogos de estratégia, jogos tradicionais e jogos tradicionais da Alemanha. E para trabalhar a questão da competitividade com eles, realizamos uma gincana e caça ao tesouro. Em uma turma, tive a parceria da Professora regente, ela participou da gincana de forma a fazer uma revisão do conteúdo didático, com jogo de perguntas e respostas. Nesta terça-feira finalizei a parte prática da gincana com o caça ao tesouro e com uma avaliação das aulas.
Foi questionado aos estudantes: como foram as aulas, como eles foram nas aulas, questão de comportamento, participação, diálogo, o que aprenderam nas aulas, e qual seria a nota que mereceriam naquela momento, levando em considerações todos os aspectos já citados.
A pergunta que gerou mais dificuldades nos estudantes foi quanto a aprendizagem deles na aula de Educação Física. Muitos diziam que aprenderam muitas coisas, porém, não sabiam explicar o que seriam essas coisas. Também vi a dificuldade deles em escrever algo livre, do seu pensamento, do que achavam, percebiam, entendiam sobre as aulas.
De início fiquei bem chateada quando não sabiam responder este questão, mas ao final, fui questionando-os oralmente sobre: o que eram jogos cooperativos? Qual a principal diferença entre jogo e esporte? O que eram jogos tradicionais? Quais eram os conteúdos que podíamos trabalhar na Educação Física? E para minha felicidade e compensação elas foram respondidas por eles. Parabenizei todos, e ressaltei que eu sabia que eles haviam aprendido e que eles não deviam se subestimar. Acrescentei também que na próxima avaliação, essas questões serão mais fáceis de serem respondidas, pois, acreditava no potencial deles. Sai daquela turma muito feliz mesmo.
Entendo que não são todos que lembrarão de tudo que aprendemos e aprenderemos, mas espero fazer com que eles reflitam sobre a prática da Educação Física na escola, e que não é a "bola" que dita o que é ou não é Educação Física.
Outro ponto que me chamou a atenção, foi nas turmas multisseriadas 3º e 4º anos, em que um estudante falou que aprendeu a competir, aprendeu que se perdemos e ganhamos. Pois, ao trabalhar o jogos manipulativos, motores, visei a competição, entendendo que havia compreendido os jogos cooperativos, e nestas aulas, a competição gerou alguns conflitos entre eles, e que resolvi falando da vida em geral, das perdas e dos ganhos na vida, de competirmos de forma saudável, nos divertindo e não brigando, porque no final, todos continuamos sendo os mesmos, colegas e amigos.
Em outra turma do 4º ano, um estudante lembrou que aprendeu a ser mais estratégico. Outros falaram que aprenderam a respeitar os colegas, a colaborar com os mesmos.
Enfim, essa avaliação me ajudou a identificar algumas falhas da minha parte e para avaliar quais foram as aprendizagens mais significativas dos estudantes. E a partir disso, avaliar quais os objetivos foram alcançados neste trimestre e melhorar os demais no próximo. Além de identificar quais aspectos os estudantes dão importância, pois eles tinham a chance de relatar o que achavam das aulas.
Este é um pequeno relato do que aconteceu de mais significativo. Poderia ficar horas aqui escrevendo sobre diversos momentos das aulas, conversas individuais com os estudantes, relatos das suas vidas, tensões e conflitos, mas essas deixarei para um momento a par.
Abraço
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